sexta-feira, 30 de março de 2012

O CRISTÃO E OS JOGOS


quinta-feira, 29 de março de 2012

UM VASO DE HONRA NAS MÃOS DE DEUS


COMO SE TORNAR UM VASO ÚTIL
At 9.10-18 (15)

INTRODUÇÃO: O vaso é usado como ilustração da nossa vida. Todos deveríamos entender essa aplicação, a fim de podermos desempenhar bem o propósito pelo qual Deus nos formou.
O texto básico fala a respeito da conversão  de Saulo de Tarso. Fato desacreditado por muitos no início de sua carreira cristã. Ananias, um discípulo do Senhor é chamado por Deus para ir até onde ele se encontrava para orar por ele. Inicialmente Ananias estranhou e tentou argumentar sobre o que sabia a respeito de Saulo, mas Deus lhe disse “vai porque ele é para mim um vaso escolhido”.
Não importa as práticas religiosas e até pecaminosas do nosso passado. A partir do momento que encontramos Jesus podemos nos tornar um vaso útil.

1) RECONHECENDO QUE SOMOS BARRO
Hoje encontramos muitas pessoas que não negam o fato de ser um vaso, mas querem ser um vaso de cristal. Com isto estão mostrando que estão dominadas por um sentimento de arrogância, de superioridade.
Precisamos ser o que Deus diz que somos: “Tu és pó...”. Somos formados do pó, portanto devemos reconhecer o quanto somos frágeis e necessitados de Deus. A exaltação deve vir por iniciativa e ação de Deus, e não de um espírito arrogante.
Jó reconheceu essa realidade, quando disse: “como barro me formaste, e ao pó me farás voltar” (10.9).
Isaías afirmou: “Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai; nós somos o barro, e Tu, o nosso oleiro” (64.8). Não importa a posição social, a aparência, todos somos barro. Só reconhecendo isso, poderemos ser abençoados por Deus.

2) ACEITAR SER MOLDADO PELO OLEIRO
O oleiro tem total controle sobre o barro para dar-lhe o formato desejado. É impossível a obra ficar querendo discutir com o obreiro. Deus pode fazer em nós e através de nós o que bem entender, pois Ele é soberano e não deve satisfação a ninguém. Cabe a nós aceitarmos sua vontade.
Ele falou: “Como o barro na mão do oleiro, sois vós na minha mão, diz o Senhor” (Jr 18.6). Esta é a Palavra divina a nosso respeito. Sendo assim, devemos permitir ser tratado por Ele, pois deseja formar em nós algo melhor do que nós mesmos poderíamos fazer.
Jeremias foi até a casa do oleiro para receber uma palavra da parte de Deus. Ele observou o seguinte: “como o vaso que ele fazia de barro se quebrou nas mãos do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme seu querer” (Jr 18.4). Deus não desiste de nós, mas fará tudo para sermos como Ele quer.

3) ENFRENTAR O FOGO QUE FORTALECE SEM RECLAMAR
O vaso formado pelo oleiro não conseguirá alcançar propósito algum, a menos que seja queimado no fogo. Esse fogo pode representar as lutas e tribulações que enfrentamos em nossa caminhada cristã. “Bem aventurado o varão que sofre a tentação porque quando for aprovado receberá a coroa da vida”.
Jesus disse aos seus discípulos que eles haveriam de enfrentar aflições, mas não era para desanimarem, Jo 16.33. Somos atribulados, disse Paulo, mas não somos desamparados. Deus não permitirá que o fogo para forjar o nosso caráter seja maior do que precisamos, ou do que possamos suportar.
Deus permite que o vaso enfrente o fogo para que ele fique firme, forte e resistente. Mas não se preocupe, Ele sabe até onde pode deixar o fogo arder.

4)  PERMITIR QUE O SENHOR NOS COLOQUE ONDE QUISER
Quem decide onde o vaso deve ficar é exclusivamente seu dono. Ninguém compra um vaso para coloca-lo num canto abandonado, mas para enfeitar algum lugar que julga nobre. Assim também Deus quer fazer com cada um de nós. Ele deseja que estejamos ocupando um lugar de honra.
Cada servo de Deus precisa se submeter a vontade dele. Ele sabe porque nos fez, e qual o propósito maior com nossas vidas. Dentro dessa realidade, não podemos deixar de orar como Jesus: “não se faça a minha vontade, mas a tua”.
Todos nós fomos formados de modo especial pelo Senhor, e precisamos nos entregar inteiramente em suas mãos. Os pensamentos dele a nosso respeito são os melhores possíveis, pensamentos de paz, e não de mal.

CONCLUSÃO: “Humilhai-vos, debaixo da potente mão de Deus para que, a seu tempo, Ele vos exalte”. A promessa de Deus é gloriosa para aqueles que se humilharem: ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra, 2Cr 7.14. Deus tem um plano para sua vida, mas enquanto você não reconhecer que é um vaso de barro, permitir que Ele molde seu caráter, enfrentar o fogo sem reclamar e permitir que Ele o coloque onde você deve, de fato, estar, nada poderá ser feito. Todos aqueles que tentaram convencer a Deus com seus questionamentos, tiveram que mudar e aceitar o argumento de Deus. Dentre esses: Moisés, Elias, Jeremias, Ananias. Vai querer continuar teimando, ou vai se entregar a Deus? A decisão é tua. Deus capacita os chamados!

Deus te abençoe!
Pr. Wanderley da Silva

quarta-feira, 28 de março de 2012

Certeza de Salvação: sim ou não?


É possível um cristão ter certeza de salvação

Há muitas seitas e movimentos contraditórios, que afirmam não ser possível uma pessoa afirmar que já é salva. Dizem que Deus é que vai decidir se a pessoa merece ou não. No entanto, a regra áurea de fé e prática do cristão é a Bíblia Sagrada. Vejamos o que ela afirma:

Jesus foi enviado pelo Pai ao mundo, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Crer é uma decisão presente, portanto a partir do crer já existe o direito de vida eterna: “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Observe esse verso:Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê, já está condenado, pois não crê no nome do Filho unigênito de Deus” (Jo 3.18). Crendo em Jesus estamos livres de qualquer condenação; não crendo, já estaríamos condenados.

A Salvação não é resultado de merecimento humano, mas de uma decisão pessoal em aceitar Jesus como único e suficiente Salvador: “Ele nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não por causa das nossas obras, mas devido ao seu propósito e à graça que nos foi concedida em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (2Timóteo 1:9). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8); Note que esses textos dizem: “nos salvou” e “sois salvos” enfatizando algo presente.

A vida cristã não pode ser praticada na ignorância. Deve ser consciente. Vejamos: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Eu vos escrevo essas coisas, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1João 5:12, 13).

Jesus foi bem definido quando falou com seus discípulos a respeito da vida eterna: “Dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrancará da minha mão” (Jo 10.28).


O cristão pode ter certeza de salvação pelos seguintes motivos:
  1. Deus providenciou um meio para que haja salvação - Jesus;
  2. Para ser salvo é preciso crer em Jesus e sua Palavra – o cristão crê;
  3. Quem crer será livre de qualquer condenação – o cristão está livre;
  4. A salvação é presente, graça de Deus – o cristão a recebe;
  5. Quem tem o Filho tem a vida – o cristão tem;
  6. Quem crer em Jesus sabe que tem a vida eterna – o cristão sabe.


Portanto, é possível uma pessoa saber se está salva. Fora isso, há ainda o testemunho interno do Espírito Santo: “O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Romanos 8:16).

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Impossibilidade Humana e a Possibilidade Divina

Só Deus Pode Transformar o Homem

O ser humano é incapaz de mudar a si mesmo. Somente o poder de Deus é capaz de transformar o coração e o caráter corrompido do homem. O pecado deixou a humanidade fragilizada e tendenciosa para o mal. Davi afirmou: "Eis que, em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.5). Deus falou através do profeta Jeremias: "Pode o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas pintas? Podereis vós fazer o bem, estando treinados para fazer o mal?" (Jr 13.23) - cabe aqui duas implacáveis respostas "não".

O apóstolo Paulo sabia muito bem do que se trata essa incapacidade: "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.18-19).

Para que possamos experimentar a vontade de Deus, em nossa vida, é necessário uma transformação da nossa mente, Rm 12.2. Precisamos receber um tratamento, que só o Espírito Santo é capaz de fazer, através da aplicação da Palavra de Deus. Temos que passar a possuir a mente de Cristo, 1Co 2.16. Somos advertidos a pensar nas coisas lá do alto, Cl 3.2. Jesus falou sobre acumularmos tesouro nos céus, Mt 6.19-20. Tudo isso mostra que para termos vitória é necessário uma relação íntima e um sério compromisso com o Reino celestial.

Deus enviou Seu filho unigênito com o firme propósito de resgatar cada pessoa que nele crer, a fim de que passe a viver em uma nova dimensão de vida - somente arraigados e fundamentados nele será possível produzir frutos dignos de arrependimento; o Espírito Santo operará livremente no coração, levando cada um a produzir o fruto do Espírito - amor, gozo, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Uma pessoa em seu estado natural, nunca conseguirá entender e praticar os princípios sadios de uma vida digna de Deus. Para que seja vivenciado esses princípios é necessário "nascer do Espírito". Quando alguém tentar mudar a si mesmo o que ocorrerá é esgotamento e frustração. Religiosidade vazia não opera vida, apenas hipocrisia. Para que haja transformação é necessário abrir os ouvidos às Palavras de Deus, bem como, o coração para que o Espírito possa promover uma justa operação. "Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria e até os confins da terra" (At 1.8).

Jesus transformou a vida de publicano, chamado Zaqueu, de um cidadão gadareno, que vivia atormentado pelo maligno, de uma mulher samaritana da cidade de Sicar, de Saulo de Tarso, aquele que era feroz perseguidor da igreja e tantos outros. Pode perfeitamente transformar qualquer coração maldoso, pois o convite ainda está aberto: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei; tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração..." (Mt 11.28-30). Abra seu coração para Jesus pois Ele afirmou: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15.5).
Deus te abençoe!

terça-feira, 20 de março de 2012

Amor Verdadeiro e Perdoador


O que é um santo?


A palavra santo designa uma pessoa separada para Deus. Tal pessoa  deve viver "como convém aos santos" (Efésios 5:3). Um santo deve viver uma vida de santidade, e andar de forma agradável a Deus. Porem, não é isso que faz de uma pessoa um santo aos olhos de Deus. Vejam só: o Espírito de Deus chama os coríntios de santos por vocação divina (1Corintios 1:26:1-2) - embora houvesse tantas coisas más na conduta deles que ele dedicou dois longos  capítulos para repreendê-los. Contudo, ainda assim, o apóstolo começa sua carta aos Coríntios chamando-os de santos. 
Mas o que é um santo, então? Cada crente verdadeiro, isto é, todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo - é  um santo. Toda pessoa redimida por Seu sangue precioso e um santo. E porque foi redimida pelo sangue esta separada do mundo. Na epístola aos Efésios, o apóstolo escreve a homens e mulheres que outrora eram "sem Deus". Estavam separados de Deus, mas tornaram-se  separados para Deus. Tais o santos. Ele os chama de "concidadãos dos santos,  e da família de Deus" (Efésios 2:19). Tais são cidadãos dos céus, são santos. Se você c no Senhor Jesus Cristo, foi lavado de seus pecados no sangue precioso, nasceu de novo e tem a vida eterna, então você e um santo!
G. C. Willis

A Verdadeira Espiritualidade


Á Pessoa Espiritual

Quase todo cristão deseja ser espiritual, mas apenas alguns sabem o que isso significa. Muito alívio sem base poderia ser eliminado e muita consolação verdadeira poderia ser recebida se puséssemos as coisas em ordem.
É difícil para nós nos desvencilharmos da noção de que uma pessoa é tão espiritual quanto sinta que é. A nossa espiritualidade raramente está em harmonia com os nossos sentimentos. Há muitas pessoas carnais cujas emoções religiosas são sensíveis a toda impressão, e que se esforçam por se manter num certo plano elevado de satisfação interior, mas que não tem as marcas da piedade sobre si. Tais pessoas recebem tudo com muita rapidez, e se deixam tomar por quase qualquer coisa religiosa imediatamente. Suas lágrimas são mais aparentes do que reais, e suas vozes carregam em si um grande conteúdo emocional. Tais pessoas têm a reputação de serem espirituais, elas chegam facilmente a acreditar que são. Mas não é bem assim, as pessoas espirituais são indiferentes em relação a seus sentimentos elas vivem pela fé em Deus e dão pouca atenção as próprias emoções. Elas pensam os pensamentos de Deus e as coisas tal como Deus as vê.

A. W. Tozer

segunda-feira, 19 de março de 2012

Urgente: Avivamento Pessoal


A Falta de Avivamento Pessoal
por
Richard Baxter
Eu não sei o que os outros pensam, mas da minha parte, me envergonho de minha ignorância, e me admiro de mim mesmo, porque não tenho tratado as almas dos outros e da minha como almas que esperam o grande dia do Senhor; e porque tenho espaço para quase qualquer outros pensamentos e palavras; e porque tais assuntos assombrosos não tomam completamente minha mente. Admiro-me de como posso pregar sobre isto desapaixonadamente e descuidadamente; e como posso deixar os homens sozinhos em seus pecados; e como não vou atrás deles, rogando-lhes, pelo amor do Senhor, que se arrependam, não importa a forma que recebam a mensagem, e qual seja a pena e dor que custem a mim.
Muito poucas vezes saio do púlpito sem que minha consciência me golpeie por não ter sido mais fervoroso e sério. Ela não me acusa tanto pela falta de ornamentos e elegância, nem por deixar passar uma palavra errada; mas me pergunta “Como você pode falar de vida e da morte com um coração assim? Como pode pregar sobre o céu e o inferno de uma forma tão relaxada e descuidada? Crê no que disse? Leva a sério ou embroma? Como pode dizer às pessoas que o pecado é algo assim, e que tanta miséria está sobre elas e diante delas, e não ser mais afetado com isto? Você não deveria chorar sobre pessoas assim, e não deveriam tuas lágrimas interromper suas palavras? Você não deveria clamar em alta voz, e mostrar a eles suas transgressões, e implorar a eles e rogá-los como uma questão de vida e morte?
E, por mim mesmo, como estou envergonhado do meu coração descuidado e torpe, e do meu modo de vida inútil e lento, assim como, o Senhor sabe, estou envergonhado de cada sermão que tenho pregado; quando penso sobre o que estou falando, e quem me enviou, e que a condenação e salvação dos homens é completamente relacionada nEle, estou preste a tremer por temor de que Deus me julgará como um mau administrador de Suas verdades e das almas dos homens, e imagino que no meu melhor sermão eu seja culpado pelo sangue deles. Penso que não devemos falar qualquer palavra aos homens, em assuntos de tamanhas conseqüências, sem lágrimas ou com a maior seriedade que possamos alcançar; já que somos tão culpados do pecado que reprovamos, deveria ser dessa forma.
Verdadeiramente, este é o tinir da consciência que soa em meus ouvidos, e apesar disso, minha alma sonolenta não quer ser despertada. Oh! Que coisa é um coração endurecido e insensível. Oh, Senhor, salva-nos da praga da infidelidade e da dureza de coração de nós mesmos! Como poderíamos ser instrumentos aptos para salvar os outros do erro? Oh, faz em nossas almas aquilo que Tu nos usaria para fazer nas almas dos outros.

Culto do Presbitério Catarinense


Fundamento Indispensável

"Quando os fundamentos se abalam, o que poderá fazer o justo?" (Sl 11.3)

O fundamento também determina a largura e a profundidade, e assim, a forma de um  edifício.  Falsas  doutrinas  numa  igreja não somente  despedaçam  o  fundamento;  elas também  lançam  um  fundamento  adicional.  Tudo  o  que  alega  ser  igreja,  mas  não  é construído sobre o fundamento apostólico, está sob o julgamento de Deus. 

A  melhor  forma  de  demolir  um  edifício  não  é  quebrar suas janelas,  chaminé,  ou mesmo suas paredes, mas destruir o fundamento que sustenta o edifício todo. Da mesma forma, a maneira mais eficaz de destruir uma igreja é minar o seu fundamento: a doutrina apostólica.  Assim,  aberta  ou  sutilmente,  os  falsos  mestres  atacam  a  depravação  total,  a justificação pela fé somente, a eleição e reprovação incondicional, etc.; e minam os credos Reformados que resumem a verdade apostólica. 

"A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que não se veem" (Hb 11.1).

Sem Luta Não Há Vitória


LUTA, SE QUERES VIVER 

Que esperais encontrar na estrada da vida cristã? Flores? Glória? Honra? Riqueza? Bem estar? Acaso pensais que, na frente de batalha há perene alegria e banquetes sem fim? Não sabeis que os cristãos são soldados do Senhor, e que como soldados tem que lutar para viver? 
Quem vos apontou este mundo como recanto de paz? Se ainda não percebestes a vossa condição despertai e vede que estais em pleno campo de luta espiritual, onde se fere a gigantesca batalha entre as forças do mal e os exércitos do Senhor, e que a única alternativa é lutar a tempo e fora de tempo para alcançar a coroa da vida. 
Lutar para viver, aceitar o desafio com altivez e enfrentar os perigos da jornada foi a tarefa imposta à Igreja do Senhor em todos os tempos. Lembrai-vos de que o povo de Deus nos primeiros séculos teve as catacumbas por moradas, a fim de poder sobreviver. Aceitou o desafio dos inimigos, não capitulou ao primeiro decreto de um rei ímpio.  
Guardou a fé.  Preferiu carregar a cruz da perseguição a fazer negócios de Judas. Escolheu a senda espinhosa e agreste do desprezo, a um conluio ímpio e satânico. Corajosamente atirou-se à luta para vencer e, vencendo, viveu. 
Acaso o Evangelho não declara quão grandes são os perigos, as desvantagens materiais e os sofrimentos a que estão expostos os seguidores de Jesus? Que prometeu Jesus aos discípulos que desejassem segui-lo? Acenou-lhes com vantagens ou apontou-lhes a cruz? 
Percorrei a história da verdadeira Igreja e vereis, a cada passo, que os santos jamais tiveram tréguas prolongadas. O mundo, o Diabo e a carne jamais oferecem armistício aos salvos. Entrai nas Catacumbas e tereis uma visão clara do que foi a tremenda batalha da fé; parai diante dos sarcófagos e sentireis que ali repousam heróis que lutaram e venceram; sentai-vos nas salas subterrâneas em que se reunia esse povo e respirareis santidade que ficou por herança. Se tocardes qualquer objeto que haja pertencido a esses heróis, sentir-vos-eis inspirados a imitá-los, a lutar para viver como cristãos dignos da vocação que recebestes. 
Mas não foi somente nos dias da primitiva Igreja que a fé brilhou, valorosa e robusta, impondo admiração ante as ameaças dos poderes apóstatas! 
Ao tempo da Reforma, quando um gesto ou uma palavra a favor do verdadeiro Cristianismo representava ser encarcerado, condenado à morte, desterrado, ou ser destituído de cargos de confiança, tratando-se de governadores de Estados, Condados ou Províncias, nesse período, Deus também teve testemunhas que não dobraram seus joelhos diante de Baal. 
Entre os muitos casos em que a fé agigantou-se, brilhou e ateou fogo nos corações, citemos apenas como se portaram alguns Príncipes cristãos: O imperador Carlos V dominava a Alemanha e grande parte da Europa, e era por todos temido e obedecido, pois linha o apoio do papa. 
Vários Príncipes alemães haviam abraçado a Reforma, creram na pureza do Evangelho e na suficiência de Cristo como Salvador. Isto não agradava ao imperador e seus aliados, que tudo fazia para impedir a luz do Evangelho. Certo dia o imperador recebeu os Príncipes protestantes numa conferência particular e pediu-lhes que impusessem silêncio aos capelães evangélicos que celebravam cultos públicos. Dentre os Príncipes, levantou-se o velho Mal-grave de Brandenburg que avançou alguns passos para o imperador, e num gesto que denotava disposição e energia, levou as mãos ao pescoço, e, inclinando-se, disse: "Era mais fácil a minha cabeça rolar aos pés de Vossa Majestade do que eu privar-me da Palavra de Deus e negar a meu Senhor". 
Imaginai o efeito que tiveram estas palavras diante do imperador e de outros Príncipes. Conclui quanta coragem o Espírito Santo dá ao coração que se dispõe a lutar pelo céu. Homens desta tempera que amam a Deus mais do que a própria vida, que não se acomodam ante os interesses nem se acobardam diante dos, poderosos, são os que lutam e vencem. Qualquer que não colocar sua vida no altar do sacrifício e da renúncia, para ser oferecida, se necessário for, não alcançará as píncaros alcandorados da graça, onde se preparam os guerreiros que lutam para viver e vencer. 
A Reforma deu-nos grande número desses homens. Pena é que a sua história não seja conhecida em todo o mundo evangélico, pois são páginas de heroísmo que arrebatam e atos de amor que sensibilizam. Outro Príncipe contemporâneo da Reforma, o Eleitor da Saxônia, o qual abraçou a fé evangélica, foi aconselhado a não assinar a Confissão, para evitar atritos e desgostos aos amigos. Porém o nobre Príncipe, foi nobre também na resposta, quando afirmou: "Estou disposto a fazer o que for justo, sem me importar com a minha coroa. 
Estou decidido a adorar, a honrar e a servir ao Senhor. Para mim, o Senhor vale mais do que todas as coroas da Europa. Deixarei atrás de mim, talvez, ondas de minha humanidade, porém uma coisa é certa:  A 
graça «de Jesus Cristo me levará ao céu." 
Quando a vida espiritual está em contato com Deus e luta com Deus e para Deus, não há inimigos fortes. Até os demônios fogem espavoridos, ante a decisão da alma que prometeu fidelidade a Jeová. O que acima escrevemos sobre a decisão nobre e corajosa do Eleitor da Saxônia, foi completada pela seguinte declaração, ao assinar o documento, quando afirmou perante todos: "Vou assinar este documento na presença dos representantes do Império. Se meu Deus requer isto de mim, estou disposto a deixar tudo para alcançar uma coroa imortal. Renunciaria a meus súditos e perderia meu Estado; preferia ganhar a vida limpando sapatos de estranhos a deixar de assinar este documento que contém os fundamentos da salvação para todos". 
Qual o inimigo que não vacila e não teme ante declaração tão positiva é tão enfática de lutar confiado em Quem fez vitoriosas os santos quando enfrentaram as feras, os reis, os tiranos e os demônios? Mais um fato para tornar ainda mais claro o assunto: todos os estudiosos sabem como os Huguenotes (o povo evangélico) foram tratados na França e não desconhecem a culminância da perseguição, na célebre noite de São Bartolomeu quando, no dizer de Sully, primeiro ministro de Henrique IV, foram massacrados, só em Paris, cerca de 70 mil protestantes. 
Quando a conspiração havia alcançado o clímax, sendo já público e notório que o povo de Deus estava à mercê de um governo de homens ímpios, o Almirante Colingy, líder dos protestantes, foi convidado a ir à Côrte. 
Seus amigos rogaram-lhe que não fosse, pois ir, equivalia a entregar-se às mãos dos inimigos. Mas Coligny tinha consigo o Deus de Jacó e assim respondeu: "Prefiro morrer mil vezes a, por urna indevida solicitude pela minha vida, dar ocasião a que se avente uma suspeita em todo o reino''. 
Com caracteres deste quilate, Deus pode fazer muito sobre a terra; com homens armados com esta fé, o cristianismo será honrado. Com soldados como este, o inferno tem muito a perder e o céu muito a ganhar. 

domingo, 18 de março de 2012

Um Lugar Antiquado Aos Incrédulos


QUE FARIAS NO CÉU? 

Supondo que, após rejeitares Jesus, pudesses entrar no céu, antes que te pedissem o passaporte, salvo-conduto ou outro qualquer documento de identidade, quer dizer, antes que fizessem a chamada e verificassem que o teu nome não estava inscrito no Livro da Vida. Se tal acontecesse, que farias no céu? É possível que os seres celestes não te expulsassem abruptamente dali, mas um simples olhar pelo ambiente repassado de santidade e saturado de pureza, seria suficiente para deixar-te transtornado, confuso e desejoso de sair, ó mais breve possível, das moradas dos anjos, pois a tua consciência impura e má, lutaria para não permanecer no céu.

Ao deparares com os habitantes da glória, e fixando o olhar nas vestes de justiça, único traje que se usa ali, notarias, surpreso, que estavas nu, pois rejeitaste a veste de justiça que Jesus te ofereceu, e que farias no céu nessa condição de desespero e contraste? Por certo fugirias envergonhado e humilhado por haveres entrado num lugar de santidade sem estares em condições de o fazer.  Que farias no céu se os anjos, tomando suas harpas ferissem acordes e arrancassem harmonias tão estranhas, tão doces e tão puras que a tua mente não pudesse reter? O que tinhas a fazer, ante o brilho da sinfonia angelical que enche os céus de louvor e ações de graças ao Cordeiro, já que não os podias acompanhar, repetimos, o que tinhas a fazer era fugir espavorido, impossibilitado de suportar a doçura da música divina e o cântico dos anjos, porque a pureza do céu amedronta a carne pecaminosa e vil que não obteve perdão.

Se te achasses entre a multidão de santos e anjos, manifestando sua perene e incontável alegria, sem que os teus lábios pudessem descerrar-se e acompanhá-los, por não estares salvo por Cristo e identificado com os seres celestes, dize-me, amigo, que farias no céu? Imagino que, desejarias antes estar nas escuras cavernas da terra que estar na companhia dos salvos, pois diante de tal situação a agonia do teu espírito seria mais forte do que qualquer resistência física.
                                     
Se tivesses de andar nas ruas de ouro, sem estares calcado com a preparação do Evangelho, sentirias a tristeza e angústia que o pavão sente ao reparar o contraste da beleza sem par de sua plumagem, com a feiura dos pés sem gosto nem estética em que se apóia. Que farias no céu, ao reconheceres que estavas descalço, pisando sobre coisas sagradas? Reconheço quão incômoda, embaraçosa e insuportável seria a presença da impiedade dentro da cidade de Deus, Que farias numa terra cuja linguagem desconheces, vendo outros entregues ao prazer de amigáveis e enternecidos colóquios, e tu condenado a permanecer mudo e solitário por toda a eternidade? No céu, amigo, ninguém te repreenderia. Os habitantes dos céus distilam compaixão e amor; porém o olhar dos santos e a afeição dos salvos seriam acusações tão fortes à tua impiedade que não resistirias encara-los, em virtude de haveres rejeitado a redenção e a vida. Se tentasses defrontar-te com os anjos, temerias, desejadas antes a morte do que teres de fica na presença de Cristo. É loucura alguém pretender o céu sem se identificar com Cristo e Seu Evangelho aqui na terra.

O coração transbordante de ódio e maquinando males, não achara gozo no próprio céu. Enquanto o homem não receber perdão e não possuir redenção, será infeliz, mesmo que consiga subir até ao céu. Para o homem sem Cristo, não há céu, porque a vida de impiedade e egoísmo transforma o céu em lugar de sofrimento, isto é, aquele que não for justificado pela fé, tanto faz viver na terra como subir ao céu, será sempre uma vítima do coração enganoso.

Quem expulsa o homem do céu e dos domínios da fé, é a condição em que o mesmo vive. O pecado fez com que Adão fugisse do Paraíso. O mesmo pecado faz com que o homem se afaste do céu. Dize-me, amigo, se te fosse franqueado o céu, sem estares salvo, aceitarias viver ali? Que prazer desfruta-rias num país em que serias uma anormalidade? Não seria um tormento sem fim o teu desajustamento no céu? Pensas que sobreviverias ao sofrimento moral de viver no céu à luz da santidade de Deus? 

Que farias então, no céu? Se até hoje pensaste em ir ao céu sem Jesus, desilude-te, lembra-te de que o céu não é céu simplesmente por ser céu, mas é céu porque a santidade de Deus o purifica, a luz do Cordeiro o alumia e a sabedoria do Todo-Poderoso o governa. Que farias no céu sem estares salvo? Responde tu mesmo a esta pergunta. 

Emílio Conde - Nos domínios da fé

sexta-feira, 16 de março de 2012

Tire o Máximo Proveito da Bíblia


A Palavra é a Verdade


Se os evangelhos fossem fruto da imaginação literária desses autores, eles não falariam mal de si mesmos, não comentariam a atitude frágil e vexatória que tiveram ao se dispersar quando Cristo foi preso. Quando Cristo se entregou aos seus opositores e deixou sua eloquência e seus atos sobrenaturais de lado, os discípulos ficaram frágeis e confusos. Naquele momento, tiveram vergonha dele e sentiram medo. Naquela situação estressante, as janelas de suas mentes foram fechadas e eles o abandonaram.
Pedro jurou que não negaria a Cristo. Amava tanto esse mestre que disse que se possível morreria com ele. Porém, Pedro, numa situação delicada, o negou. E não apenas uma vez, mas três vezes, e ainda diante de pessoas sem qualquer poder político. Quem contou aos autores dos quatro evangelhos que Pedro negou a Cristo por três vezes para alguns servos? Quem contou a sua atitude vexatória se ninguém do seu círculo de amigos sabia que ele o havia negado? Pedro, ele mesmo, teve a coragem de contá-lo.
Que autor falaria mal de si mesmo? Pedro não apenas contou os fatos, mas expôs os detalhes da sua negação. Para Lucas, ele contou alguns detalhes significativos que estudaremos... 
Leia mais no livro do Dr. Augusto Cury, Livro "Jesus - Personalidade e Missão"

quarta-feira, 14 de março de 2012

Um teólogo zeloso - Richard Baxter


O Zelo de Richard Baxter

 

Erroll Hulse

Esboçarei a vida de Richard Baxter e, em seguida, destacarei o seu zelo, expresso em sua extraordinária obra pastoral, em Kidderminster, e em seu clássico The Reformed Pastor (O Pastor Aprovado).

Um esboço de sua vida

Richard Baxter nasceu em 1615. Diferentemente da maioria dos famosos ministros puritanos, Baxter não desfrutou de estudos nas universidades de Oxford ou Cambridge. Ele estudou na modesta Escola Pública Donnington. Depois, foi um autodidata. Leitor ávido, Baxter estudou amplamente vários assuntos. Deste modo, tornou-se um homem de excepcional conhecimento e habilidade para debates. Foi ordenado diácono pelo bispo de Worcester, em 1638. Por breve tempo (1641-1642), Baxter trabalhou como preletor e co-pastor em Kidderminster. Em 1642, o país se envolveu em guerra civil. Baxter serviu como capelão no Exército do Parlamento até 1647, retornando a Kidderminster como pastor. Ali, ele trabalhou até 1661. Estes 14 anos, em que teve a idade de 32 a 46 anos, foram notáveis por causa da transformação espiritual operada na cidade. Aquele município foi tão abençoado que se tornou um referencial na história evangélica da Inglaterra.

Quase no fim de seu ministério em Kidderminster, uma viúva chamada Mary Hanmer veio morar na cidade, a fim de obter benefícios do ministério de Baxter. Ela estava acompanhada de sua filha Margaret, que tinha 16 anos de idade, e que era mundana e indiferente ao evangelho. Nos quatro anos seguintes, Margaret foi afetada pelo ministério de Baxter e aos 20 anos foi convertida. Durante este tempo, ela se apaixonou por Baxter, que considerava o celibato ideal para um ministro. Ele proclamava isto com entusiasmo — um ponto de vista que consistia um grande contraste com os puritanos ingleses, os quais afirmavam, com vigor, a doutrina bíblica do casamento e da família. Richard Baxter deixou Kidderminster, para viver em Londres, onde ele usou toda influência possível a fim de obter um tratamento justo para os puritanos. Mary e Margaret o seguiram e passaram a morar perto dele. O Ato de Uniformidade, sancionado pelo Parlamento, em 1662, era rígido e severamente contrário à consciência dos puritanos.

O Ato de Uniformidade levou os puritanos a deixarem a Igreja Anglicana. Cerca de 2.000 ministros puritanos sofreram a perda de seu sustento, naquilo que, na História, ficou conhecido como a Grande Expulsão. É claro que isto incluiu Baxter. Sua vida foi arruinada: fora cruelmente despojado de sua razão de ser. Ele era pastor por natureza, agora sem igreja; um pregador nato, sem púlpito. A sua justificativa para o celibato desapareceu. Baxter se casou com Margaret em 19 de setembro de 1662. Ela estaria sempre com ele, confortando-o, prestando-lhe cuidado nas freqüentes enfermidades, apoiando todos os interesses práticos de sua vida. Viver com Margaret foi a maior consolação desfrutada por ele durante os anos difíceis que vieram depois. O restante da vida de Baxter foi marcado por aflições. Em 1669, ficou preso por mais de uma semana em Clerkenwell e por 21 meses em Southwark (1685-1686). Ele nunca teve uma saúde robusta e precisou lutar contra graves surtos de enfermidade.
Em novembro de 1672, Baxter pregou publicamente pela primeira vez em dez anos. Margaret (1636-1681) empregou, com generosidade, parte considerável de sua herança para garantir que Richard Baxter exercesse um ministério público eficiente. Ela alugou um salão público, onde cabiam 800 pessoas, em uma das áreas mais carentes de Londres e contratou algumas pessoas para ajudarem Baxter em seu ministério.

Durante o tempo de exclusão do ministério público, Richard Baxter usou seu tempo para escrever. Seus escritos excederam, em quantidade, os de John Owen. Diferentemente de John Owen, que talvez seja o melhor teólogo de língua inglesa, Richard Baxter era neonomiano e amiraldiano. Infelizmente, isto produziu confusão teológica nas duas gerações seguintes. Os leitores dos três clássicos de Baxter — O Descanso Eterno dos Santos (“The Saints’ Ever- lasting Rest”), uma explicação a respeito do céu; Um Apelo ao Não-convertido (“A Call to the Unconverted”) e O Pastor Aprovado (“The Reformed Pastor”) — não perceberão estes erros. É mais fácil ler Baxter que Owen. A sua obra mais extensa intitula-se Diretório Cristão (“Christian Directory”) e aborda cada aspecto da vida cristã sob um ponto de vista prático. É na aplicação prática das Escrituras que vemos o melhor de Baxter. Ele possuía um poderoso dom de constranger e levar a consciência à obediência.


Richard Baxter era sempre zeloso no que se refere à obra missionária. Ele foi um dos principais motivadores do estabelecimento da Sociedade de Propagação do Evangelho. John Eliot, famoso como “o apóstolo dos índios americanos”, encontrou em Baxter um excelente auxiliador. Durante a sua última enfermidade, em 1691, Baxter leu A Vida de Eliot e escreveu ao seu autor, Increase Mather: “Pensei que morreria por volta das 12 horas, na cama, mas o seu livro vivificou-me. Conheço muitas das opiniões do Sr. Eliot, por meio das várias cartas que recebi dele. Não houve na terra um homem que honrei mais do que ele. A obra evangélica de Eliot é a sucessão apostólica pela qual eu mesmo suplico”.

Evangelismo zeloso em Kidderminster


Na qualidade de pastor, Richard Baxter era excepcional. O sucesso do evangelho em Kidderminster, sob a liderança dele, foi singular. Não podemos encontrar na história evangélica da Inglaterra algo que se compare com este sucesso.

A cidade tinha aproximadamente 800 casas e uma população entre 2.000 e 4.000 pessoas. Baxter percebeu que eles eram “ignorantes, rudes e festeiros”. Uma notável mudança ocorreu. “Quando comecei meus trabalhos, tive cuidado especial por todos os que eram humildes, reformados ou convertidos. Mas, quando já havia trabalhado por bom tempo, aprouve a Deus que os convertidos fossem tantos, que não pude me dar ao luxo de gastar tempo com observações particulares; famílias e considerável número de pessoas vieram de uma só vez, amadureceram e cresceram, de um modo que não sei explicar”. O método de Baxter consistia em visitar casa por casa e ser bastante direto no assunto de conhecer a Deus com fé salvadora.

No prédio da igreja cabiam 1.000 pessoas. Cinco galerias foram acrescentadas para acomodar a congregação.Quando Baxter chegou a esta pobre cidade, onde a tecelagem era a principal atividade, ela era um deserto espiritual. Quando ele deixou Kidderminster, era um jardim belo e promissor. “No Dia do Senhor, qualquer um que caminhasse pelas ruas poderia ouvir centenas de famílias cantando salmos e repetindo sermões. Quando cheguei ali, somente uma família, em cada rua, adorava a Deus e invocava o seu nome. Quando saí, havia algumas ruas em que não havia nem uma família que não confessasse uma piedade séria, que nos dava esperança quanto à sinceridade deles”.

Posteriormente, Baxter escreveu: “Embora eu tenha estado ausente deles por quase seis anos e tenham sido assaltados por ameaças, calúnias e difamações a respeito da pregação, eles permanecem firmes e mantêm a sua integridade. Muitos deles estão com o Senhor. Alguns foram expulsos; alguns estão presos. Mas nenhum deles, sobre os quais tenho ouvido, caiu ou abandonou a sua retidão”. Quando, em dezembro de 1743, George Whitefield visitou Kidderminster, ele escreveu a um amigo: “Fui grandemente revigorado ao ver que o agradável aroma da boa doutrina, da obra e da disciplina do Sr. Baxter permanece até hoje”.

A principal diferença entre Baxter e a maioria dos pastores, do passado e do presente, é que ele combinava a pregação com o testemunho pessoal direto, pessoa a pessoa. Com muita freqüência, os pastores contentam-se em confinar seu testemunho do evangelho ao púlpito. A atitude e a prática de Baxter se revelam com clareza em seu livro O Pastor Aprovado (“The Reformed Pastor”).

Richard Baxter e “O Pastor Aprovado”

Os membros da Associação de Worcester, a fraternidade de clérigos que tinha Baxter como espírito propulsor, se comprometeram a adotar o método de catequese paroquial sistemática, conforme o método de Baxter. Eles estabeleceram um dia de jejum e oração, para buscarem a bênção de Deus sobre este empreendimento e pediram a Baxter que pregasse naquele dia. Entretando, quando o dia chegou, Baxter se encontrava muito doente para estar presente; por isso, em 1656, ele publicou o material que havia preparado, uma exposição completa de Atos 20.28. Esse material recebeu o título de O Pastor Aprovado (“The Reformed Pastor”). Este livro tornou-se famoso, e tem sido usado em todas as gerações, até ao presente. Por exemplo, a edição da Banner of Truth, com a excelente introdução de J. I. Packer, surgiu em 1974; e edições posteriores foram realizadas em 1979, 1983, 1989, 1994, 1997, 1999 e 2001.

A palavra Aprovado (Reformed), no título, não significa calvinista em doutrina, e sim renovado em suas práticas. Este tratado é uma dinamite espiritual, e foi reconhecido assim desde a sua criação. Um mês depois de sua publicação, um leitor escreveu: “Ó homem grandemente abençoado! O Senhor revelou suas coisas secretas para você, pelas quais muitas almas na Inglaterra se levantarão e bendirão a Deus por você”.

Isto provou estar correto. O livro de Baxter, O Pastor Aprovado, ainda é o melhor manual quanto aos deveres de um pastor. Nada tem excedido o seu poder e sua eficácia. É um imperativo para todo pastor.

Na edição da Banner of Truth, J. I. Packer sugere que o vigor e o poder evocativo do livro atravessam três séculos. Ele descreve três excelentes qualidades de O Pastor Aprovado.

A primeira é o seu vigor. “As palavras do livro têm mãos e pés.” Baxter possuía olhos perscrutadores e, certamente, tinha palavras perscrutadoras. “Seu livro arde com zelo sincero e ardente, com fervor evangelístico e sinceridade para convencer”.

A segunda qualidade é que o livro contém realidade. “É honesto e direto. Freqüentemente se diz, com exatidão, que qualquer cristão que ama o seu próximo e pensa seriamente que, sem Cristo, os homens estão perdidos não será capaz de descansar tranqüilamente com o pensamento de que todos ao seu redor estão indo para o inferno, mas se disporá, irrestritamente, a testemunhar, tendo isso como seu principal objetivo de vida. E qualquer crente que deixa de viver deste modo destrói a credibilidade de sua fé. Pois, se ele mesmo não pode, com seriedade, ter isso como norma de seu viver, quem mais pode ter? Nenhuma outra obra manifesta tanta solidez como O Pastor Aprovado. Nesta obra, encontramos um amor apaixonado e um crente terrivelmente honesto, sincero e correto pensando e falando sobre o perdido, com realismo perfeito, insistindo em que temos de aceitar alegremente qualquer grau de desconforto, pobreza, trabalho excessivo e perda de bens materiais, se almas forem salvas, e apresentando, em sua própria pessoa, um exemplo vívido do que está envolvido nesta obra”.

Terceira, o livro é um modelo de racionalidade. J. I. Packer diz que o livro expressa bom senso. A responsabilidade é ressaltada com clareza. “A graça entra por meio do entendimento.” Baxter insistia em que os ministros têm de pregar a respeito de assuntos eternos como homens que sentem o que falam e se mostram sérios a respeito do assunto de vida e morte eterna. Baxter também sustentava que a disciplina da igreja tem de ser praticada para mostrar que Deus não aceita o pecado.

Em sua exposição de Atos 20. 28, Baxter esclarece a exortação “atendei por vós”. Ele também explica o significado de atender por todas as ovelhas do rebanho. Começa com o não-convertido e os inclui em sua percepção. Ele exorta os pastores à supervisão cuidadosa das famílias e persiste em que temos de ser fiéis em admoestar os transgressores. No que diz respeito ao modo como deve ser administrada esta supervisão, ela tem de ser realizada com franqueza e simplicidade, com humildade e uma mistura de severidade e brandura, com seriedade e zelo, com ternura e amor para com as pessoas, com paciência e reverência, com espiritualidade e desejos sinceros de sucesso, com um profundo senso de nossa própria incapacidade. Finalmente, Baxter nos convoca a labutarmos unidos com outros ministros do evangelho, o que é sobremodo importante em nossos dias, quando divisões são mantidas por razões insignificantes e não-bíblicas.

O zelo de Richard Baxter resplandece em O Pastor Aprovado. As exortações de Baxter retinem com sinceridade porque ele vivia o que pregava. À semelhança de um oficial militar, Baxter leva os seus soldados à batalha. Ele não dá ordens a partir de uma zona de segurança.

A maneira como Baxter se dirigia à pessoas, quer em público, quer em particular, se reflete em Um Apelo ao Não-Convertido (“A Call to the Unconverted”), que vendeu 20.000 exemplares no seu primeiro ano de publicação e foi traduzido para vários idiomas. O versículo de abertura deste livro é Ezequiel 33.11: “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” A compaixão expressa neste versículo de Ezequiel é muito semelhante ao zelo ardente que o Espírito Santo produziu em Richard Baxter.

terça-feira, 13 de março de 2012

QUANDO A IGREJA FRACASSA

QUANDO A IGREJA FRACASSA

Muito importante para uma análise atual do comportamento de muitas igrejas e grupos tidos como evangélicos e respaldados na Palavra de Deus é o comentário emitido pelo irmão Almir dos Santos Gonçalves Júnior em 1995 no seu livro “Quando a Igreja Fracassa - Sinalizando à igreja sobre alguns perigos modernos que podem levá-la ao fracasso” acerca do perigo que estamos correndo quando deixamos que a Igreja, muitas vezes sem o perceber, perca a sua identidade com os ditames bíblicos.
O texto que extraímos abaixo refere-se a um dos tópicos analisados pelo irmão sobre algumas formas pelas quais a Igreja perde a sua identidade.

A PERDA DA IDENTIDADE PELA NOVIDADE

(...) grande área que desfigura a identidade original da Igreja de cristo como agência de Fé, Amor e Esperança é a ênfase que estamos dando à necessidade de levar a igreja a falar a linguagem moderna ou a adotar os padrões de comunicação do mundo de hoje, com o fim de torná-la atuante e dinâmica e em condições de atrair os perdidos.
Essa preocupação é extremamente grave, pois ela vem atingir aquilo que de mais importante a igreja trouxe consigo do passado e que vem a ser exatamente a própria razão de ser da sua existência: o ato do culto.
Sim, porque tudo o mais que a Igreja hoje representa é secundário ou subordinado ao ato de culto a Deus. O estudo bíblico, o preparo dos crentes, a pregação do evangelho, o relacionamento fraterno entre os irmãos, as ações sociais em favor dos marginalizados, embora eminentemente implícitos no ato de culto, tudo isto se organizou depois, muito depois que a Igreja se constituiu em sua gênese.
Ela surgiu no tempo ainda quando sequer tinha esse nome, pela necessidade do homem em cultuar, em adorar e em reverenciar o ser supremo que ele sentia existir acima dele. Foi assim quando, depois do pecado original, sem que soubéssemos por que, Caim e Abel cultuaram a Deus pelas primícias de suas obras. Depois, quando Enoque, numa forma de culto que devíamos copiar, andava com Deus. O mesmo que Noé, seu bisneto, iria fazer. E, mais tarde ainda, quando Abraão, depois que o Senhor lhe falou ao pé do carvalho de Moré, construiu ali um altar...
O começo está aí. Abraão em Moré, Jacó em Betel, Isaque no Negebe, nada mais faziam do que os seus antepassados Caim, Abel, Enoque e Noé fizeram. A busca do ser criado pelo relacionamento com o ser Criador: o cultuar!
O que eles não sabiam é que, com esses atos isolados, estavam dando origem àquilo que muito mais tarde seria denominado Igreja. No inicio da revelação divina ao homem eles foram os instrumentos para que a noção de culto e reverência ao Pai se fizessem presentes na vida.
Com o crescimento do povo da promessa feita a Abraão, essa necessidade terá que ser repassada a todos os integrantes dessa grande família. Assim é que Moisés, depois de ter, como os seus pais do passado, cultuado a Deus sozinho, em Horebe, vai receber desse mesmo Deus a ordem de construção do tabernáculo: “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles” (Ex 25.8).
Com a construção do tabernáculo por Moisés e depois com a transformação dele em templo por Davi e Salomão, o sentido de um local em especial de culto a Deus se tornará definitivamente arraigado na consciência do povo, até a vinda do Filho de Deus. Embora isso tenha trazido algumas distorções, e era necessário que assim acontecesse para que a noção de igreja e não de templo se enraizasse na comunidade dos santos que iria se formar após a morte e ressurreição do Cordeiro de Deus.
Ali uma transformação radical vai ocorrer, quando com o sacrifício de Cristo no Calvário, o véu do templo se rasga, fracionando-se de alto a baixo em mil pedaços, talvez num simbolismo marcante de que a partir daquele momento o local de culto não mais seria exclusivamente o templo de Jerusalém. Mas aquele da reunião dos crentes em Cristo, onde quer que eles se encontrassem, por toda parte do mundo: “Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”( Mt 18.20 ). Ainda em João 4.21-23, o mesmo Jesus vai antecipar isso à mulher samaritana: “Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai (...). Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.”
A igreja neotestamentária vai cumprir isso à risca, reunindo-se onde quer que fosse possível e com qualquer número de pessoas: nas dependências do próprio templo logo no início, num cenáculo em alguma casa de Jerusalém,na casa de Cornélio, em Cesaréia, em Samaria, na casa de Felipe, nas sinagogas por onde Paulo passava, à beira do rio em Filipos, na praia em Mileto, na casa de Filemom, em Colossos. Não importava mais o lugar, pois a igreja levava o templo consigo, já que o ato de culto era a razão de ser principal da vida do crente que, salvo pelo amor de Cristo queria agora cultuar de forma expressiva o Deus de toda a revelação.
E esse culto, que não tinha mais o aparato do templo, tinha deixado também o ritualismo das práticas, o cerimonialismo do sacerdócio, o simbolismo do sacrifício, e tudo o mais que estava contido no culto do Antigo Testamento, pois a igreja, sim agora efetivamente Igreja, adentra-se “pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne (...)” (Hb 10.20).
O culto voltava assim às suas origens de reação intima e pessoal do crente na presença do Altíssimo. Embora em culto público, o que importa agora é a presença de deus em cada um dos participantes, de forma que individualmente estejam em culto, e não mais o rumor da multidão, o soar das trombetas, o brilho dos instrumentos, a fumaça no altar... A época ritualística havia passado, para deixar as suas marcas e simbolismos como inspiração, mas o evangelho que se iniciava vinha despojado dos símbolos do Antigo Testamento, em razão do novo memorial instituído por Cristo, com a singeleza do batismo e a simplicidade da Ceia do Senhor, que intrinsecamente representam o que o culto hoje deve ser.
A verdade também é que a própria falta de recursos materiais da Igreja cristã primitiva tornava o culto, agora, muito mais uma expressão do íntimo do crente do que uma manifestação com aparatos do rei e seus príncipes ou do clero sacerdotal. Templo não tinham. A arca da aliança havia desaparecido, e dela não precisavam. Vasos de ouro para os serviços eram agora inúteis e desnecessários. Candelabros e castiçais tinham sido substituídos pela Luz que para sempre brilharia. O altar do sacrifício fora destruído, pois se tornara ocioso e inócuo, desde o Gólgota. Enfim, o culto passaria a ter agora a marca da presença do Espírito Santo de Deus, convidando a igreja à reverência, à exaltação e à reflexão na vida de cada um dos seus membros, reflexão esta que, finalizando o processo, deve predispor o crente para a vida santa e produtiva.
Assim, o aspecto de riqueza e magnificência do culto nos tempos de Salomão no Antigo Testamento vai ceder lugar à simplicidade e submissão do culto do Novo testamento:
- o culto no qual Jesus ensinava aos discípulos, orava com eles, depois, cantavam um hino e, então saiam...
- o culto em que Paulo e Silas oravam e cantavam hinos diante dos presos no cárcere em Filipos...
- o culto que Paulo, escrevendo aos crentes em Éfeso, recomendava: “falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef 5.19).
Esse tipo de culto atravessou os séculos e chegou até os nossos dias. Sem dúvida, houve tentativas de modificações em toda essa trajetória, mas basicamente ele sobreviveu a tudo de mudança que aconteceu no mundo ao seu redor, em seus 20 séculos de prática e convivência.
Hoje, quando a Igreja de Cristo se reúne, embora estejamos alojados em templos modernos, com iluminação fluorescente, ar-condicionado ambiente, aparelhagem de som adequada, carpetes sob os pés, bancos estofados, vestidos de acordo com a última moda da estação, tendo sido trazidos para a igreja em carros de última geração, a nossa forma de culto deve respeitar aquela que, contida na Palavra de Deus, é a única que agrada a ele:
- O culto reverente, no qual a presença dele seja o fato mais importante e sensível aos participantes. A Bíblia, do Antigo ao Novo Testamento nos ensina isto: “tira os sapatos dos pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Ex 3.5); “Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus” (Ec 5.1); “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21.13).
- Culto de adoração e louvor, em que a pessoa de Deus é que seja efetivamente exaltada, e não os intérpretes ou intermediários que atuam ou cultuam. Novamente o Antigo e o Novo Testamentos nos ensinam: “Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão” (Ml 1.10). “Portanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior” (1Co 11.17); “Quando vos congregais (...) Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26); “Porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz” (‘Co 14.33).
- O culto de reflexão e introspecção, no qual a operação do Santo Espírito de Deus conduza a uma tal atmosfera de sentimento e avaliação interiores, que todos os participantes, ao dali saírem, não importa há quanto tempo sejam ou não crentes, o façam sempre como novas criaturas em Cristo Jesus. Mais uma vez o Antigo e o Novo Testamentos nos previnem: “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido (...) e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” (Is 6.5); “e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele” (Lc 4.20); “Portanto mandei logo chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto te foi ordenado pelo Senhor” (At 10.33).
Sim, porque o culto a Deus deve conter tudo aquilo que está sintetizado em Isaías capítulo 6, texto que para os estudiosos da liturgia expressa o ideal maior em termos de culto, encontrado na Palavra de Deus: adoração e louvor (v.3), contrição e confissão (v.5), proclamação e consagração (v.8), partes estas que têm que possuir como envoltório e envolvimento propícios ao ambiente em que devem transcorrer os sentimentos de reverência, exaltação e reflexão a permear a real participação de cada vida presente ao ato:
- Reverência diante do Senhor de todas as coisas que ali está presente! Exaltação sincera diante do Deus Todo-Poderoso que governa o mundo e o Universo! Reflexão intima diante do Deus que tudo sabe e que conhece os nossos pensamentos! Ou seja, um verdadeiro ato de culto ao Deus Onipresente, Onipotente e Onisciente, que fazia um Moisés esconder o rosto (Ex 3.6), um Isaías sentir-se perdido (Is 6.5), o Cristo curvar-se de joelhos (Lc 22.41)!
Mas a grande verdade é que o culto moderno está tentando de tudo, menos aqueles atributos básicos de sua gênese e razão de ser, atributos esses expressos não na aparente contrição imposta pelo ambiente, mas na reverência sincera e íntima da alma contrita diante de Deus. Não no louvor de esgares ou trejeitos, mas na exaltação sublime, porém discreta. Não na emoção que leva ao ativismo, mas na reflexão que conduz à disposição para o viver cristão! Tudo isso porque o culto sempre foi algo especial para a vida interior do homem e não para o seu aspecto exterior.
As igrejas de hoje corem o perigo de, para se sentirem possuidores da linguagem moderna da comunicação, donas dos padrões da modernidade do marketing, atraentes às multidões e atualizadas, terem que apelar para as novidades mais esdrúxulas e mesmo ridículas no ato do culto.
Neste festival, e não culto, há de tudo:
- os que sopram o espírito...
- os que o lançam por intermédio de suas vestes...
- os que gritam e se arrojam ao chão...
- os que contam testemunhos das coisas mais pueris, como se milagres fossem...
- os guias espirituais em mangas de camisa que descem do púlpito a pretexto de melhor comunicar...
- o pouco caso que se dá ao estudo bíblico, que é tido como algo ultrapassado, pois “o que Deus aprecia mesmo é o êxtase do louvor”...
- os óculos jogados fora, pois “Deus vai curar a sua visão”, ou a boca aberta para mostrar os dentes de ouro recebidos do Senhor...
- os convites para ofertas parceladas, de acordo com as bênçãos que se pretende receber...
- a algaravia ou confusão de palavras, à guisa de falar línguas estranhas, como manifestação de poder, santidade e espiritualidade...
- o anúncio de prosperidade, solução para os problemas de emprego e família, milagres e sinais, ridículos muitas vezes, e quase sempre de comprovação duvidosa ou pelo menos dúbia...
Pior ainda é que há pastores, sinceros e bem-intencionados, que embarcam nessa onda, na justificativa de que o nosso povo tão sofrido e desesperançado precisa mesmo disso. Afinal de contas, justificam, “esse povo precisa de alguma ilusão”, do aceno de algo que o atinja e toque no aspecto emocional, para sustentá-lo e motivá-lo, como se o evangelho de Cristo fosse algum analgésico ou estimulante psíquico, para ser ministrado às pessoas em doses paliativas e regulares.
E por aí vai a igreja de nossos dias, perdendo a sua identidade de fé, esperança e amor, que se expressa pela experiência íntima de reverência, exaltação e reflexão que seus cultos devem transmitir, em prol de uma dita, ou melhor, maldita modernidade ou novidade, que tem que ser adotada para mantê-la de pé, segundo os seus lideres, quando na realidade a está levando para o fundo da degradação e do descrédito de pelo menos uma boa parte da sociedade de hoje, pela descaracterização de sua identidade.
Num de seus sermões, o Padre Antonio Vieira (1608-1697), em pleno século XVII, já clamava contra isso:” Não temo o que é novo por ser novo...temo perder o que é velho, simplesmente por ser velho”.
Se isto já acontecia há 300 anos, o que não dizer do problema em nossos dias?... As coisas antigas estão sendo desprezadas, postas de lado, unicamente por serem antigas. Aquilo que foi provado, testado e comprovado ao longo de anos de uso e de resultados positivos é ridicularizado, achincalhado, unicamente por ser antigo ou velho.
Logicamente a posição da igreja também não deve ser contrária à novidade simplesmente por ser novidade, mas apenas que o antigo não deve ser jogado fora unicamente porque surgiu algo novo. A manutenção de formas e conceitos antigos é fundamental para que, pela análise dos fatos novos, possamos encontrar os melhores caminhos para o amanhã, sem desprezar o antigo, nem mesmo o novo.
Este embate atinge a nossa sociedade em todos os seus segmentos: em nosso lar, no mundo profissional, na indústria de alimentação, na área da informática, no campo dos aparelhos eletrônicos, no setor dos automóveis, no contexto da tecnologia de ponta e também na igreja. Os que procuram ser cautelosos com as novidades e zelam pela manutenção das formas tradicionais ou antigas são chamados de retrógrados, antiquados, conservadores e até mesmo num misto de zombaria e ridículo, de quadrados. Ou seja, o relógio que funciona a corda não presta mais, pois hoje existe o quartzo.
O que me espanta é que os críticos dessa postura eclesiástica mais tradicional não se apercebem de que, em matéria de culto a Deus, os parâmetros já foram estabelecidos até há dois mil anos. Não podemos escrever outra Bíblia! Não podemos modificar os padrões que, de uma forma sublime e maravilhosa, foram implementados pelo próprio Senhor do culto. Ele mesmo exigiu isso, por meio de recomendações taxativas que, embora se apliquem a diversas outras áreas do viver cristão, hoje são também muito próprias para o cuidado que devemos ter com o culto:
- em Provérbios 22.28, o sábio escritor sacro exclama: “Não removas os limites antigos que teus pais fixaram”;
- em Jeremias 6.16, o profeta ouvia de Deus uma declaração categórica diante de um povo que sofria as conseqüências de ter se afastado de sua vontade: “Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas. Mas eles disseram: Não andaremos nele”;
- em 2Tessalonicenses 2.15, o apóstolo que rompeu com o tradicionalismo judaico vai dizer agora, a respeito da novidade do culto cristão: “Assim, pois, irmãos, estai firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.!
Ou seja, a igreja, o evangelho, o viver cristão não devem ser movidos açodadamente pelos ventos da modernidade. Eles não precisam disto, pois o Senhor os renova naquilo que é fundamental e verdadeiro: em sua mensagem e poder transformador:
- o viver cristão há que ser mesmo conservador, pois parte de uma experiência duas vezes milenar...
- o evangelho há que adotar mesmo padrões tidos com antigos, preconceituosos até, como acusam os críticos modernos, porque repousa em conceitos que já têm vinte séculos de aplicação...
- a igreja há que ser mesmo tradicional, porque é a porta-voz para um mundo que se transforma a todo instante, de um Deus que nunca muda, que foi, que é, e que será!
O que precisamos apreender, para então proceder com retidão diante de Deus,é que o culto é essencialmente um ato memorial. Tal como a ceia e o batismo que foram constituídos como ordenanças pelo Senhor Jesus e praticados pela igreja desde o seu início, em observância estrita ao que ele determinou, assim deve ser a nossa presença no culto.
Naturalmente algumas adaptações tiveram que ser feitas: os cálices para uma multidão, os porta-cálices, o pão previamente partido, o vinho ou o suco da fruta colocados de antemão nos recipientes, bem como a construção de batistérios, a roupa dos batizandos etc. Foram formas que a Igreja, através dos tempos, teve que encontrar para se ajustar às suas circunstâncias, mas intrinsecamente quando estamos participando de tais cultos, estamos remontando aos tempos de Cristo, quando ele os instituiu na sua simplicidade e singularidade.
Assim deve ser como tudo o mais que se relaciona ao culto da Igreja de Cristo em nossos dias:
A Fé, a Esperança e o Amo têm que ser transmitidos a todos os participantes: pela atmosfera de reverência que devemos ter diante dele, pelo sentimento íntimo de exaltação pessoal que devemos sentir na presença dele, pelo sentido de reflexão que devemos alcançar, em decorrência da mensagem que dele recebemos, e que nos conduz à vida e ao serviço! E não pelos modismos e novidades que nada têm a ver com a sua origem divina e com a prática que a Bíblia nos ensinou.
Foi Giuseppe Verdi (1813-1901), o notável compositor italiano, que em pleno século passado, diante das inovações que tentavam mudar a música a que se dedicava, exclamou, como uma inspiração para nós: “Voltemos ao antigo! Será um progresso!” Se no campo da música é assim, para nós, crentes, voltar à e intensa espiritualidade, era sempre um progresso, um enorme progresso.”


(Texto retirado na íntegra do livro “Quando a Igreja Fracassa” de autoria de Almir dos Santos Gonçalves Júnior- JUERP-1995)