Davi despencou da loucura para a realidade
“Cair em si” quer dizer reconhecer o próprio erro, voltar à realidade. Foi o que aconteceu com o filho pródigo (Lc 15.17) e com o tal homem de Corinto que se deitou com a mulher de seu pai (1 Co 5.1; 2 Co 2.5-11). E o que não aconteceu com o fariseu da parábola de Jesus (Lc 18.11-12) e com o anjo da igreja de Laodiceia (Ap 3.17). Cair em si não é outra coisa senão reconhecer as maldades gêmeas – abandonar o Senhor, a fonte de água viva, e cavar as tais cisternas que, cheias de fissuras, não conseguem reter as águas (Jr 2.13). O grande apelo para cair em si está nestas palavras de Jeremias: “Compreenda e veja como é mau e amargo abandonar o Senhor, o seu Deus, e não ter temor de mim” (Jr 2.19).
Depois de cair em si, Davi admitiu o seu pecado
Imediatamente após o desbloqueio, Davi admitiu: “Pequei contra o Senhor”. E imediatamente após a confissão, foi absolvido da culpa: “O Senhor perdoou o seu pecado”. A confissão e o perdão estão no mesmo versículo (2 Sm 12.13). É preciso lembrar para confessar e é preciso confessar para não mais lembrar.
Davi não dividiu a sua culpa com ninguém
A confissão de Davi é uma confissão limpa, tal qual a do publicano: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18.13). Ele não disse que pecou porque suas mulheres e concubinas não o satisfaziam sexualmente. Não pôs culpa no pecado original herdado de Adão (Sl 51.5). Em nenhum momento responsabilizou Bate-Seba pela sua lascívia. Ele colocou o verbo pecar na primeira pessoa do singular, no caso do adultério (2 Sm 12.13; Sl 51.4) e no caso do recenseamento (1 Cr 21.8, 17). A confissão de Davi foi uma confissão “sem comentário” (BP).
Davi entendeu e aceitou o sofrimento relacionado com o seu pecado
Davi não se revoltou contra o juízo misericordioso e terapêutico de Deus nem contra o juízo implacável e oportunista do homem. Aceitou a morte do filho caçula e a agressão física e verbal de Simei, homem da família de Saul. Além de jogar pedras e poeira em Davi, Simei o amaldiçoava e lhe dizia: “Fora daqui, assassino! Você já está recebendo o castigo de Deus pela morte de Saul e sua família; você roubou o trono de Saul e agora seu filho Absalão o tomou de você! Finalmente você está experimentando o seu próprio remédio, seu assassino!” (2 Sm 16.8, BV).
Davi recuperou a delicadeza de caráter anterior O que o Filho de Deus recomendou ao anjo da igreja de Éfeso — “Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio” (Ap 2.5) — aconteceu com Davi. Ele fechou o parêntesis aberto algum tempo antes do episódio do adultério e voltou a viver e a mostrar delicadeza de caráter. Dentro do parêntesis ficou a sujeira de Davi e fora dele, antes e depois, ficou a sua beleza moral. Basta ver a maneira como Davi lidou com a morte do filho caçula e como tratou o seu acusador, que lhe disse: “Você é o homem rico que roubou a cordeirinha de estimação que bebia do copo do homem pobre e dormia em seus braços”.
Davi recuperou a glória perdida
Recuperou o trono, a autoridade, o prestígio, a comunhão com o Senhor e as bênçãos de Deus. Ele mesmo diz: “Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados!” (Sl 32.1). Sobretudo depois do peso esmagador da mão do Senhor. A história registra que Davi “morreu em boa velhice, tendo desfrutado vida longa [70 anos], riqueza e honra” (1 Cr 29.28).
Davi alcançou graças adicionais
O que Paulo diz em Romanos — “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20) — cumpriu-se em Davi. Deus havia prometido a Davi que, quando a vida dele chegasse ao fim, ele escolheria para sucedê-lo “um fruto do seu próprio corpo” (2 Sm 7.12). O escolhido era Salomão, fruto do corpo de Davi e de Bate-Seba: “Dentre todos os muitos filhos que [Deus] me deu, ele escolheu Salomão para sentar-se no trono de Israel, o reino do Senhor” (1 Cr 28.5). Salomão nasceu logo após o adultério e era filho daquela que “tinha sido mulher de Urias” (Mt 1.6). Na verdade, Salomão era filho da graça!
Fonte: www.ultimato.com.br
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