Não é que Deus despreze a priori aqueles que têm mais autoridade, mais conhecimento, mais fama, mais dinheiro. A discriminação de Deus não tem nada a ver com valores transitórios. Faz parte do seu caráter enxergar não o que as pessoas mostram, mas o que está escondido; não o que a pessoa tem, mas o que a pessoa é. Foi isso que Ele deixou bem claro a Samuel quando lhe deu o encargo de ungir um dos filhos de Jessé como rei de Israel: “Deus não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1 Sm 16.7).
Foi por essa razão que Ele escolheu o filho mais jovem de Jessé (Davi) e não o mais velho (Eliabe), cuja altura e cuja aparência haviam causado boa impressão a Samuel. Pela mesma razão, Deus escolheu Maria, uma mulher de condição humilde, para ser mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-51).
A regra de Deus é muito severa. Ele tem escolhido e chamado para serem membros do Corpo de Cristo os que, para os padrões humanos, são insignificantes, desprezados, próximos ao zero, ou de nenhum valor. Poucos sábios, poucos poderosos e poucos de nobre nascimento têm sido tocados pela graça misteriosa (por ser soberana) de Deus. Não necessariamente por terem pós-doutorados, poder e nome, mas porque não se sentem carentes da misericórdia divina nem do perdão nem da salvação. Na verdade, o propósito de Deus é dar uma paulada na soberba, na presunção e na arrogância, e envergonhar de propósito esse grupo não muito pequeno de pessoas. Lamentavelmente, a mensagem da cruz (perdão em função do sacrifício expiatório de Jesus) é loucura para muita gente (1 Co 1.18-31).
Para explicar por que se aproximava tanto dos publicanos (sinônimo de pecadores) e das prostitutas, Jesus declarou: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes”, para, depois, acrescentar: “Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lc 5.31,32).
O trato que Deus dispensa aos pecadores é inverso ao trato dispensado pela sociedade de modo geral. O Senhor dá preferência à única ovelha perdida e não às 99 que estão no campo, à única dracma perdida e não às nove que estão na gaveta, ao filho perdido e não ao outro que se supõe formidável.
Assim como não há sala vip nos aeroportos do céu, não deveria haver salas para a “Very Important Person” em nossos templos e em nossos cultos. Pelo menos, esse é o ensino categórico de Tiago (Tg 2.1-5).
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